29 de out. de 2009

Cultura (in)útil

por Robb, do That's All

Ter um amigo que te chama pra postar no blog dele quando o mesmo completa um ano é algo bem bacana, né?

E por isso mesmo eu demorei esse tempo todo pra pensar em alguma coisa. Dei uma olhada nos textos dos outros colaboradores, sabe como é né... Buscando uma inspiração.

E assim eu vi que já falaram de música, patrimônio, medos e desenho universal. E aí eu pensei “E agora? Vou falar de que?” Política? Astronomia? Viagens? Economia do Uzbequistão?

Naaaada disso! Eu vou é falar de coisas inúteis, porque é isso que o that’s all (do qual eu sou o editor – olha o merchan!) faz de melhor. Inutilidades que [ok, pare de sonhar, Grace!] não vão te deixar mais inteligente. Mas que vão preencher o tempo que você mata aí no escritório enquanto o chefe deu aquela saidinha.

E aí começa a busca. Entra no Ego. Dá uma olhada nas notícias das celebridades. Nada demais. Ok, passemos às sub-celebridades. Ainda nada! Poxa, mas o que essa gente tem feito ultimamente? Trabalhado? Sobra nem tempo pra fazer barraco... Voticontááááááá! Ops, essa é da novela velha. A onda agora é Shimbalaiêêêêê...

Então o jeito é partir pros vídeos mesmo. Clica aí e seja feliz:

http://www.afterelton.com/blog/dennis/the-onion-halloween-costumes-for-sissy-boys

Hello, Travis!

28 de out. de 2009

Tentei não falar de Desenho Universal, mas...

por Marcella Valadares, do Área de Giro


Figura de Alessandro Zulberti

Primeiramente, uotarrel is Desenho Universal?
Por muito tempo, usava-se o a idéia do homem padrão na concepção dos espaços e dos produtos. Muito bom. Mas acontece que nem todas as pessoas tem 1,70 de altura, pesam 60 kg, e tem boas habilidades. Há pessoas com deficiência, pessoas idosas, com mobilidade reduzida, anões, obesos, grávidas, crianças, pessoas que estão temporariamente com algum problema de locomoção, enfim, acredite ou não, esses segmentos juntos somam 80% da população mundial (fonte: arial 12; mas é sério!).
A idéia do Desenho Universal é que qualquer uma dessas pessoas possa usar com autonomia, facilidade e segurança os espaços e produtos projetados pra elas. Deu pra entender?

Parece óbvio, não? Mas o que mais se vê por aí é exatamente o contrário: ruas e espaços públicos cheios de obstáculos, produtos com embalagens difíceis de manusear (vou ter que falar dos sachês de catchup?), balcões de atendimento com altura inadequada pra pessoa.
É importante pensarmos em TODAS AS PESSOAS quando estamos projetando algo, seja um edifício público, um navio ou um cartaz pra escola. Como isso vai ser usado? É simples de usar? Exige muito esforço físico? Pode provocar acidentes?


Quem consegue abrir isso sem usar o dentão? Hummmmm?

Outro problema é a 'falsa acessibilidade'. Pessoal faz um projeto de "acessibilidade", reforma lá o banheiro, coloca uma placa de todo tamanho indicando que é acessível. Mas quando você vai ver, tá tudo com inconformidade e o cadeirante, por exemplo, não consegue nem abrir a porta. Quanto mais usar o sanitário.

Muitas pessoas não tem a menor consciência disso, da diversidade das pessoas, e que todas elas tem direitos. Tem pessoas que acham que o deficiente físico não precisa entrar em tal lugar, ou que o problema é do idoso se tem um monte de degraus no percurso e ele não consegue subir. O curioso é que, se não morrermos antes, todos nós vamos ser idosos um dia. E aí, como é que faz?


Sem o dentão.


Mais sobre o assunto:
http://areadegiro.wordpress.com/
http://thaisfrota.wordpress.com/

Sigam-me os bons!
@tcherlla

27 de out. de 2009

Sobre o medo

por Charlie Liu, do A New Person

Tem muita gente que tem medo de muita coisa. Eu tenho vários.Tenho medo de cair, medo de ficar careca, medo de aranhas, cobras e demais bichos peçonhentos. Tenho medo de morrer na segunda-feira e minha mãe só me achar morto no sábado. Tenho medo de cair no vão do metrô, ou de ser empurrado pra lá na hora do rush. Tenho medo de usar mochila nas costas e, ao andar na beira da calçada, enganchar em um caminhão em movimento e ser arrastado pela cidade.
Alguns medos eu superei ao longo do tempo. Quando pequeno eu tinha medo do escuro. Minha avó mandava eu fechar as janelas quando escurecia pra não entrar mosquitos e eu ia fechando, com o coração na mão, todas as janelas da casa até ficar no escuro e voltar correndo para a cozinha onde a luz estava acesa. Não me perguntem porque eu nunca pensei em ir acendendo a luz ao longo do caminho. Superei também o medo de falar em público, tanto que me tornei professor. Ok, não sou nenhum palestrante, mas encaro fácil umas 30 pessoas na minha frente sem falar bobeira.
O único medo que eu nunca vou superar é o medo de ficar sozinho. Não falo de ficar sozinho em casa, ou em algum lugar fechado. Tenho medo de ficar sozinho, sem amigos, sem família, nem ninguém... Mas quando esse medo vem eu paro, começo a pensar em todas as pessoas que tenho comigo, e esse medo meio que vai embora e me dá mais um tempo sem ter que lidar com ele.

26 de out. de 2009

Falando Sozinho sobre Patrimônio

por Luiz Eduado, do Dono do Armazém


Bendito dia que eu fui me meter com esse tal de Patrimônio.

Ele bate na porta da gente e não quer mais sair.

Ele fala, fala e não para enquanto a gente não entende do que ele está falando.

Parece irmão chato que enquanto não atende não para de infernizar tua vida.

Eu era feliz sem entender de patrimônio, agora sou feliz entendendo dele, mas é meio socialista querer levar todos para o Lado Negro da Força?

Eu só quero que você entenda que sem memória não somos nada.

Blá, blá, blá pras criancinhas de 6 anos que temos que aplicar Educação Patrimonial. Legal pros pré-adolescentes que acham que entenderam a mensagem. E o fim do mundo pra qualquer construtor.

Se você tivesse um limão você faria uma limonada? Mas e se eu te disser que com o preço de um limão você compra duas carambolas e o suco de carambola é mais caro?

Tá, me perdi.

O fato é que eu luto por uma causa perdida. Aquela lá do Patrimônio, lembra?

- Bacana aquele prédio antigo, diz o menino.

- Ali morou seu avô, diz o adulto.

Quando a gente preserva um prédio não é o prédio em si que se quer preservar, mas a memória.

Papo de doido esse de preservar a memória, mas é a verdade.

Quem somos nós sem memória?

Se agora eu tivesse uma amnésia, perdesse todas minhas referências: quem sou, onde moro, o que sei, que língua eu falo, quem são meus parentes e amigos... Esse não seria eu. A minha memória faz quem eu sou.

É complicado falar que os patrimônios materiais são retratos da memória. Mais que retratos, não são apenas pra se ver, eles são protegidos para se viver a memória.

Lá vem ele de novo com essa conversinha fiada de que devo freqüentar o museu.

Ah, quem dera se a metodologia de museu funcionasse. Não basta você ver, você tem que sentir.

Sentir a rua que você passa, sentir as pessoas que você conhece, sentir a história, a comida, o cheiro, as palavras.

Como se preserva uma dança, uma música, um acarajé?

Eles fazem parte da memória.

Eles são a identidade.

São números de registro não civil. Registrados na nossa alma.

Proteger o patrimônio não é falar: tira a mão disso ai que é tombado, é protegido.

É falar: cuida disso ai pra poder chamar seus filhos pra vir experimentar também.

Ridículo é dizer que se engessa uma cidade ao impedir a demolição de um imóvel.

A cidade não é um aglomerado de construções com ruas entre elas. A cidade é um aglomerado de gente.

As construções, as ruas estão ali para servir “as gentes”.

A cidade é sua casa. Ela faz parte da sua vida. A padaria, o açougue, o McDonalds, a boite... Fazem parte da sua identidade.

As suas lembranças não são iguais as lembranças de seus pais, de seus amigos; são suas. São seu patrimônio.

Cabe a você preservar suas lembranças.

Quando você está esquecendo algo você vai lá e anota. Quando quer guardar um momento tira uma foto, grava em blueray...

Esse registro material agora são testemunhos do seu patrimônio.

O tal do patrimônio que bateu na minha porta veio com a conversa de proteger patrimônio coletivo.

Porque bem é verdade que brasileiro acha que público não é de todos, é de ninguém.

Mas ai se encontra o principal desafio: como convencer que a memória de um bairro, de uma cidade, a lembrança do cara que desenvolveu a cidade, trouxe progresso, a lembrança da dona Maria que cuidava dos doentes, do Tio João que contava histórias faz parte da memória pública, da memória coletiva, e como tal deve ser preservada por todos. Para todos.

Quem gere o coletivo é o poder público, então caberia ao poder público preservar a memória do grupo, mas nessa tentativa se esbarra em interesses privados, em leis tortas, no poder político e no lucro financeiro.

Se alguém te oferecesse uma pequena fortuna por sua caixa de fotos, pelo seu diário, pelas suas lembranças... Você ficaria tentado.

Até que ponto você resistiria a perda de suas lembranças?

Podes me falar: Foto já ta bom, pode derrubar o prédio. O vídeo daquela dança já ta bom, pode acabar com o grupo. Eu tenho aquela conversa do MSN salva não preciso mais de conversar com aquelas pessoas. Não é egoísmo nosso achar que só porque agora nos basta essas recordações não palpáveis que no futuro também bastará.

Será que não é egoísmo nosso achar que nossos filhos não precisam saber sobre o lugar em que vivem, quem construiu, quem morou, o que existia ali antes?

É uma história bizarra essa de proteger lembranças, mas ela é nosso patrimônio.

Nomear como Material ou Imaterial é apenas uma classificação.

Abrir um blog pra dividir as coisas da gente é uma maneira de se relacionar. Escrever sobre o que gostamos, o que nos deixa a fim, é guardar a memória e num blog é a maneira de repassa-la.

Esse blog é patrimônio do Rôdy, mas está na memória coletiva de quem o lê e só o ato binário de escrever e ser lido faz dele o que é. Se mudar algo deixa de ser o que é...

Assim que seja patrimônio de quem por aqui passou e de quem por aqui vai passar, porque acho que deve-se preservar pra isso.


25 de out. de 2009

por Lucas Antun, do Jukebox I Like



A banda The Gossip está com trabalho novo na rede.
"Heavy Cross" é o nome do novo single do grupo que não mudou muito seu estilo. O que, pra mim, é muito bom.
Se quiser, a música já tem clipe também e você pode ver logo abaixo.



Se quiser conferir o CD inteiro, você pode baixar no link abaixo.

The Gossip - Music For Men

24 de out. de 2009

o Domínio do Rôdy faz aniversário e quem ganha o presente é vo-cê

ôpa, segunda-feira o DR completa um ano de pura inutilidade na blogosfera brasileira e quem ganha o presente é vo-cê.

tá, mentira, mas essa semana vai ser bem diferente: eu convidei os amigos do blog pra fazerem posts sobre os assuntos que eles mais gostam, fazer um merchand dos respectivos sites e, se estiverem disponíveis, deixar os dados pra galera no maior clima de paquera e azaração.

então é isso, o primeiro aniversário do blog vai ser do jeito que eu gosto (porque ele é meu e eu faço o que eu quero nele, rá!): cheio dos amigos e falando de tudo um pouco.

Happy b'day, DR!

12 de ago. de 2009

uhu! a-d-r-e-n-a-l-i-n-a

a gripe suína adiou minhas aulas, então eu empolguei e resolvi prolongar minhas férias.
decidi que ia pra são paulo passar um com tempo cazamigas e dar uma badalada. preparei tudo, comprei a passagem e embarquei todo feliz.

já no onibus sento do lado de um senhor que, pra mim, é maluco: o cara dormia com a cabeça encostada na poltrona da frente segurando uma sacolinha plástica.ok, fiquei o mais distante possível dele, chegando a ficar em meia poltrona.
na metade da viagem o motorista pára no Graal, eu desço todo serelepe, peço dois pães de queijo e um suco de laranja e sento numa mesa pra usar a internet. conversei todo feliz com a Carol, terminei de comer, paguei minha comanda e fui saindo todo pirilampo. chego no estacionamento e: "MOÇA.CADÊ.MEU.ÔNIBUS?"
cara, meu ônibus tinha saído há quase QUINZE MINUTOS. então a moça chama o gerente e ele pede pro motorista de outra companhia me levar até o posto rodoviário policial que ele ligaria pra lá e pediria pra parar o meu ônibus.

aí começam as três fases do ocorrido: a adrenalina, o desespero e o plano de golpe.

A Adrenalina:
na adrenalina eu entrei no outro ônibus pensando "uhu, que emoção". fui todo alegre ainda planejando minha viagem, como seria quando eu encontrasse o Chacha na rodoviária, no mico que seria eu entrando no meu ônibus no meio do caminho e tals. até que chegamos no posto rodoviário, o motorista abre a porta e grita: "cara, ta aqui não!"
G E L E I.
"te levo até o proximo posto rodoviário e ele deve estar lá." ok. eu fui. mas aí começa o desespero.

O Desespero:
eu desesperei. comecei a olhar pros lados e ver que no ônibus que eu estava, pelo menos metade dos passageiros estava de máscara e que a menina atras de mim tossia FRENETICAMENTE enquanto a mãe dizia que a febre não passou.
C O N G E L E I.
além de não chegar em são paulo eu morreria na beira da estrada com gripe suína. ok, exagerei, mas juro que pensei isso.
chegamos no segundo posto e, adivinha? o ônibus não estava lá. fiquei puto. o motorista disse: "cara, o de Limeira é o último e eu não tô indo pro Tietê. tô indo pra Barra Funda. não sei como você vai fazer, mas eu te levo até lá"
aí começa o plano de golpe.

O Plano de Golpe:
falei que beleza, se o onibus nao estivesse no proximo posto eu iria até a barra funda e armaria BARRACO no guichê da empresa dizendo que "onde já se viu deixar um menor de idade pra tras, eu tenho meus direitos, dinheiro de volta, blablablawhyskasachê!"
era isso. além de ter vivido uma aventura ainda ia arrancar pelo menos o dinheiro da minha passagem da empresa.

mas não precisei do barraco: a polícia rodoviária pegou uma viatura e parou meu ônibus na estrada.
até que foi legal eu descendo na rodovia e subindo em outro ônibus escoltado por uma policial, sentando do lado do senhor maluco e ele dizendo que "sabia que estava faltando alguém, só não sabia que era você", mas não quero repetir a dose.

agora é curtir aqui em são paulo porque, depois de uma dessas, eu acho que mereço.